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Maduro diz que opositor lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

Presidente da Venezuela respondeu à denúncia de coação feita por Edmundo González, candidato de oposição na eleição. Opositor assinou termo de aceite ...

Maduro diz que opositor lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Maduro diz que opositor lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela (Foto: Reprodução)

Presidente da Venezuela respondeu à denúncia de coação feita por Edmundo González, candidato de oposição na eleição. Opositor assinou termo de aceite à decisão do Tribunal Supremo venezuelano, que deu vitória a Maduro, para deixar o país rumo à Espanha no início de setembro. Edmundo Gonzalez e Nicolás Maduro Gabriela Oraa /AFP; Leonardo Fernandez Viloria/Reuters O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou, nesta quinta-feira (19), que seu adversário nas eleições presidenciais, Edmundo González Urrutia, lhe pediu "clemência" para conseguir sair da Venezuela e ir para a Espanha. "Me dá vergonha alheia que o senhor Edmundo González Urrutia, que me pediu clemência, não tenha palavra com o que se empenhou e alegue sua própria inépcia e sua própria covardia para tentar salvar sei lá o que", afirmou Maduro. A fala de Maduro foi uma resposta à denúncia feita pelo opositor na quarta, de que teria sido coagido por autoridades venezuelanas para assinar o documento de aceite à decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano, que deu vitória a Maduro em meio a uma polêmica de atas eleitorais. Após assinar o documento, Edmundo González deixou a Venezuela rumo à Espanha em asilo político. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A assinatura do documento, ocorrida na embaixada espanhola em Caracas, onde González estava escondido, ocorreu na presença do presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, e a vice-presidente, Delcy Rodríguez --ambos aliados de Maduro. (Veja na imagem abaixo) González disse que o documento permitiria sua saída do país e que não teve opção senão o assinar. "Ou eu assinava ou sofria as consequências. Foram horas muito tensas de coação, chantagem e pressões", disse. Quando chegou à Espanha, González disse que deixou a Venezuela para evitar um conflito. Edmundo González (ao fundo) na embaixada da Espanha em Caracasm, acompanhado da vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez (à esq), e do presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez (careca), assinando documento reconhecendo vitória de Maduro na eleição. Assinatura ocorreu no início de setembro. Reprodução/Jorge Rodríguez A decisão do TSJ --instância máxima do Judiciário venezuelano e alinhado a Maduro-- que reafirmou a vitória do presidente na eleição, referendando o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral, é contestada pela comunidade internacional, que também exige a publicação das atas eleitorais. (Leia mais abaixo) O opositor afirmou ainda que o governo venezuelano “sempre recorre a jogo sujo, chantagem e manipulação”, e considerou ser mais útil permanecer livre, mesmo que fora do país, do que ser preso e impossibilitado de lutar pelo resultado divulgado pela oposição, que deu vitória a González. A publicação das atas eleitorais em um site foi motivo para o Ministério Público abrir investigação contra o candidato da oposição e pedir mandado de prisão contra ele. González foi rebatido já na quarta por Jorge Rodríguez, que o chamou de mentiroso e disse que o opositor assinou por vontade própria o documento reconhecendo a vitória de Maduro. No primeiro pronunciamento após González deixar o país, o presidente Nicolás Maduro falou sobre o opositor em tom de despedida, desejou a ele "sorte em sua nova etapa da vida" e disse que agora "o país está tranquilo". O presidente venezuelano acrescentou que ele participou pessoalmente das negociações para González deixar o país. LEIA TAMBÉM: Maduro intensificou repressão após eleições na Venezuela, diz relatório da ONU Venezuela prende americanos e espanhóis acusados de 'desestabilizar' o país Após Gonzalez deixar Venezuela, Maduro volta a falar que venceu eleição e diz que 'país está tranquilo' Nicolás Maduro diz que participou de negociação de asilo do ex-candidato da oposição Perseguição após eleições A Venezuela vive um impasse desde a eleição presidencial, ocorrida em 28 de julho. O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano declarou o presidente Nicolás Maduro vencedor da eleição, em resultado contestado pela oposição e pela comunidade internacional por falta de transparência --as atas eleitorais, que comprovariam o resultado, não foram publicadas até o momento. Dias depois, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) referendou o resultado anunciado pelo CNE e proibiu a divulgação das atas. Tanto o TSJ quanto o CNE são alinhados ao governo Maduro. Edmundo González foi o candidato da oposição na eleição e enfrentou Maduro nas urnas. A oposição, liderada por María Corina Machado, garante que González ele venceu o pleito com ampla vantagem, com base em cerca de 80% das atas impressas pelas urnas eletrônicas e publicadas em um site. A ONU apontou a veracidade das atas divulgadas pela oposição. Por outro lado, o Ministério Público venezuelano, também alinhado a Maduro, disse que as atas são falsas e abriu investigação contra a oposição. Após González faltar a intimações do MP para prestar depoimento, um mandado de prisão foi expedido contra o opositor. Temendo ser preso pelo regime Maduro, González estava escondido há mais de um mês e era considerado foragido. Em uma carta enviada ao Ministério Público ele afirmou que não ia se apresentar, pois considera que o processo contra ele não tem fundamento legal. Investigação contra González Edmundo González é investigado por crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais, sabotagem de sistemas e associação criminosa. Segundo o MP, o pedido de prisão foi apresentado após González ignorar três intimações para prestar depoimento. O órgão é aliado do presidente Nicolás Maduro e controlado por chavistas. O procurador-geral Tarek Saab afirmou que as intimações tinham como objetivo colher o depoimento de González sobre a publicação de atas impressas das urnas eleitorais em um site. A líder da oposição, María Corina Machado, também está sendo investigada pelo Ministério Público. Na quinta-feira (5) ela se responsabilizou pela publicação das atas eleitorais em um site.